PROGRAMAÇÃO SINOPSES INFORMAÇÕES GERAIS CRÉDITOS ICARABE

3ª Mostra Mundo Árabe de Cinema
de 8 a 14 de setembro de 2008

Este ano, a Mostra Mundo Árabe trará alguns dos filmes mais aclamados na Seleção Oficial da Bienal de Cinema do IMA de 2006. A seleção, feita pela curadoria do IMA e do ICArabe, apresenta produções de origem libanesa, argelina, marroquina, tunisiana, egípcia, iraquiana, palestina, algumas delas com co-produções francesa, inglesa e canadense. O público se surpreenderá e se emocionará com o universo feminino em “Barakat!” e “Juanita de Tanger”; com o reencontro bem-humorado de amigos de uma trupe de teatro em “O ônibus”; com a triste perda que faz retornar às raízes familiares em “Littoral”.

Nos dois documentários premiados, o espectador encontrará a riqueza de opiniões e a diversidade dos jovens libaneses da atualidade em “Beirute: Verdades, mensagens e vídeos”, bem como o retorno de uma cineasta iraquiana ao seu país, onde se depara com a forte agressão diante da ocupação militar, em “Retorno ao País das Maravilhas”.

Além dos seis filmes da seleção da Bienal de 2006, teremos dois destaques: “Caramel”, que integra a caravana euro-árabe de 2008 do IMA. Novamente, o traço principal é o forte, e ao mesmo tempo delicado, universo feminino aos olhos da diretora e atriz libanesa, Nadine Labaki. Vale salientar que os filmes da Mostra não só abordam o universo feminino, como também nos apresentam o trabalho vigoroso de diretoras mulheres, como Djamila Sahraoui, Farida Benlyazid, Mai Masri, Maysoon Pachaci, Nadine Labaki.

Cena do filme Littoral

Também parte da programação, “A Porta do Sol”, uma homenagem ao escritor Elias Khoury, autor de obra homônima, traz uma história de amor, a saga de uma família em meio à história de ocupação na Palestina e sua luta diante da fragmentação decorrente do exílio, do refúgio, dentro e fora de sua terra.

Para completar, dois documentários produzidos fora do mundo árabe, mas que abordam assuntos relacionados a essa comunidade como um todo. “Cosmópolis” dialoga com o público paulistano ao mostrar diversas imigrações que a cidade recebeu, em especial a árabe da Síria e do Líbano. Já o documentário baseado no livro “Reel bad arabs”, “Filmes ruins, árabes malvados”, de Jack Shaheen, traz a análise do pesquisador da Universidade de Illinois sobre 900 filmes feitos em Hollywood desde o início do século XX. De forma clara e precisa, mostra como os árabes foram vilipendiados e difamados pelo cinema, o que contribuiu para formar estereótipos vinculados à sua imagem no mundo inteiro.

Com essa mostra, poderemos tratar de questões que permanecem atuais e apresentar ao público a atualidade da cinematografia dos países árabes, o que contribuirá para continuarmos a desfazer os estereótipos e mostrar a cultura árabe.

O cinema árabe em destaque

A idéia de apresentar filmes e produções árabes e debatê-los está presente desde o início do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), que em outubro deste ano completará quatro anos de existência e de intensas atividades. Logo em nosso primeiro ano de atividades, em 2005, deparamo-nos com uma pergunta importante: onde estavam as produções árabes? Inexistentes ou simplesmente ausentes do público brasileiro? Demorou pouco para percebermos que se tratava da segunda alternativa. Em uma pesquisa preliminar, constatamos que havia diversos filmes, uma intensa produção cinematográfica, cujos direitos deveriam ser adquiridos pelo ICArabe, e começamos a trabalhar nisso. Ainda naquele momento, traçamos uma meta bastante modesta, porém de boa expressão intelectual. Reunindo alguns filmes inéditos e outros já conhecidos do público, realizamos a primeira mostra “Cinema árabe em debate”, no Centro Cultural São Paulo, em junho de 2005. Foram diversos dias de filmes e debates com expressivos intelectuais, vários deles fundadores do recém-criado ICArabe. Para a estréia, reservamos o filme “Selves and Others”, inédito no Brasil, sobre o intelectual Edward Said. Foi uma enorme surpresa constatarmos que havia uma demanda reprimida e muita curiosidade por parte do público em geral – o qual passou a reconhecer a qualidade cinematográfica que, com exceção de alguns filmes ocasionais, era muito pouco mostrada no Brasil.

No ano seguinte, o ICArabe visitou o Institut du Monde Arabe (Instituto do Mundo Árabe de Paris), o reconhecido e atuante IMA, e estabeleceu uma colaboração que floresceu inicialmente junto ao Departamento de Cinema. Assim, em 2006, para começarmos os trabalhos conjuntos, realizamos a mostra “Mundo árabe”, no Museu da Imagem e do Som, e, em seguida, no Centro Cultural São Paulo, onde o foco era mostrar filmes premiados nas sete versões anteriores da prestigiosa Bienal de Cinema do IMA. Também nessas ocasiões realizamos debates, o que passou a ser uma marca desses encontros.

Em 2007, o ICArabe deu um passo maior e inaugurou a mostra “Imagens do Oriente”, na qual foram exibidos também filmes de regiões correlatas e sobre temas afins e comuns ao mundo árabe. Essa mostra foi realizada em sua segunda versão em 2008.

Em todas as ocasiões, salas cheias, forte aceitação e excelente repercussão de mídia. Além disso, vários dos filmes foram exibidos em outros locais, como mostras itinerantes, e continuamos recebendo solicitações de diversos locais do país. Assim, o ICArabe vem realizando uma maior divulgação da cultura árabe, em um processo educativo e de conteúdo rico e abrangente.

Por isso, não poderíamos encerrar o ano de 2008 sem fazermos a “III Mostra Mundo árabe”.