Al nakba, que em árabe significa a catástrofe, é o termo usado pelos palestinos para descrever a memória do massacre e expulsão de seus lares, terras e plantações, em 1948. É também o termo empregado pela nova historiografia israelense, composta por pesquisadores comprometidos com o ideal de resgatar o passado e buscar uma compreensão comum do que ocorreu em 1948, do que acontece até hoje.
Os filmes palestinos aqui apresentados, sob o signo dos 60 anos da nakba, não são os lamentos de um povo-vítima. Eles não julgam, nem condenam. Trazem imagens, humanas e palpáveis, relatos da vida palestina hoje. Como dizia o intelectual palestino exilado nos Estados Unidos, Edward Said, é importante que palestinos e israelenses tenham uma imagem clara e comum do que ocorreu em 1948, para que encontrem uma solução justa a esse trágico conflito. É importante conhecer a realidade.
Arlene E. Clemesha
Curta iraniano, A Palavra. |
Se me perguntassem sobre meu sentimento de ter nascido no Oriente Médio, responderia que foi uma obrigação geográfica(!), mas se perguntassem por que ainda vivo e trabalho lá, preferiria responder que, como um produtor de filmes, não quero estar longe das mais importantes histórias de nosso tempo, acontecendo bem em frente a nossos olhos todos os dias.
Imagens do Oriente (IFE – Images From the East) celebra sua segunda edição este ano, com o objetivo de trazer algumas das importantes histórias de diferentes países da região: do Irã à Palestina, da Síria ao Líbano.
Longe daquilo que ouvimos e vemos sobre países a partir da mídia, um amplo alcance de diferentes assuntos, temas e estilos estão presentes nos filmes selecionados este ano. Jovens, enérgicos e talentosos diretores destes filmes documentaram não apenas a realidade de suas sociedades, mas também expressaram e comentaram o que está por trás das realidades de suas vidas diárias.
Enquanto, nos filmes iranianos, temas como amor, morte e solidão são tratados diretamente pelos diretores para descobrir as camadas profundas de uma sociedade complexa – raramente vistas anteriormente –, os filmes árabes nos oferecem novas retrospectivas do conflito israelo-palestino, e como uma terceira geração de refugiados palestinos encara esta velha cicatriz.
Nós acreditamos que o IFE (Imagens do Oriente) oferece à audiência brasileira a essência da realidade e da cultura do Oriente Médio, e esperamos que esses filmes ajudem-na a ser informada e engajada sobre as mudanças de nosso tempo.
Massoud Bakhshi
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